VÍCIO
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VÍCIO
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AMINUDDIN MUHAMMMAD
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Mubin Fakir
VÍCIO
Crónica Semanal
VÍCIOS
É desejável que o Ser Humano se empenhe em produzir o máximo e dotar-se da melhor postura possível. Faz parte da boa postura a moderação na alimentação e no vestuário, o apoio aos necessitados, o pagamento do Zakát e a prática da caridade. E foi para manter um constante equilíbrio económico que o Profeta Mohammad (S) disse que "Para além do Zakát (taxa obrigatória a pagar aos necessitados), os pobres têm ainda o direito de usufruto da riqueza dos abastados".
Todo aquele que puser em prática estes ensinamentos, o seu comportamento não será afectado pelos vícios económicos dos nossos tempos, ou seja: o esbanjamento e a ostentação exagerada que actualmente assumem foros de patologia.
A pior doença económica de que padecemos é a ostentação, seja ela sob a forma de aquisição de bens, de grandes festas de casamento ou de exibicionismo puro e simples.
Gastar no luxo significa aplicar o dinheiro em coisas desnecessárias, sem retorno e em ocasiões inoportunas, apenas com o objectivo de mostrar uma pretensa capacidade financeira que não raras vezes não se firma em fundações sólidas. Há um dito popular que diz que "tolo é aquele que gasta dinheiro comprando aquilo que não necessita".
O esbanjamento é uma doença contagiosa que passa de indivíduos para famílias, e destas para a sociedade, estando actualmente a contaminar também os que têm recursos limitados (os pobres). E estes, sem se aperceberem do perigo, recorrem muitas vezes a métodos pouco lícitos para adquirirem riquezas, pois as suas receitas são insuficientes.
E esta situação está gerando uma grande confusão no seio da família, pois começando na mulher que não se esforça por ser uma boa administradora da casa e absorve todo o orçamento com aquisições desnecessárias, a doença atinge também as crianças que não têm noção nenhuma do valor das coisas, e por isso não cuidam, nem conservam os seus livros, pastas, ou brinquedos.
Portanto, o esbanjamento não se afigura apenas como um problema individual ou familiar, mas torna-se num fenómeno social, atingindo por vezes níveis mais altos.
O hábito de compras excessivas e de consumo luxuoso não é menos perigoso que o alcoolismo ou a toxicodependência, pois ele leva ao vício, fazendo com que o Homem compre apenas por comprar e não por necessidade, chegando por vezes a jogar fora comida e bens de consumo que muito bem poderiam aliviar a miséria de muita gente.
Há gente que compra apenas para imitar. Por exemplo, algumas mulheres, para certas ocasiões como casamentos, compram roupas e jóias que são usadas apenas uma ou duas vezes, pois elas acham que usar essas roupas e adornos mais vezes, é vergonhoso, pois a intenção não é apenas vestir-se condignamente, mas imitar umas às outras, promovendo uma autêntica passagem de modelos.
Imagine-se o drama num lar em dificuldades quando a esposa não só quer o vestido exposto na montra de uma conceituada casa de modas, mas também uns sapatos condizentes. E isto muitas vezes em prejuízo de outras necessidades prementes.
De entre essas mulheres, algumas esquecem-se nessas ocasiões da sua condição de muçulmanas e de casadas, vestindo-se com roupas inadequadas, atentando contra os valores morais do Isslam. Quando se exibem com roupas curtas ou transparentes a quem é que querem seduzir? Onde é que ficou a modéstia?
Esta situação resulta da nossa fraca religiosidade, pois concentramo-nos demasiado nos bens materiais, no exibicionismo e na imitação.
O Al-Qur'án condena o esbanjamento, considerando os esbanjadores irmãos de Satanás, daí que os crentes devam evitar isso, aplicando o dinheiro disponível em coisas mais úteis.
A alegria e o valor do Ser Humano não vêm do vestuário aparente, brilhante e luxuoso que ele usa, pois isso é ilusório.
A maior parte das pessoas transporta no seu íntimo grandes preocupações que lhes corroem os corações, e na tentativa de se aliviarem das tensões e do "stress" envenenam-se com calmantes de tal forma que os índices do seu consumo subiram vertiginosamente.
Há alguns anos, um artigo inserido num jornal saudita, citando a I.M.S. Health, uma empresa britânica de medicamentos, dizia que o número dos que recorrem a calmantes é tão alto que só num ano o consumo chegou a crescer 13,5% na Inglaterra, nos E.ﷻ.A., na Espanha e no México. Foi também feito há alguns anos um estudo sobre os gastos com calmantes em 13 países, e o valor global atingia a astronómica soma de 25,5 biliões de dólares, dos quais 13,5 biliões cabiam aos E.ﷻ.A. e 1,3 biliões à Inglaterra. Os gastos com tratamentos de doenças de origem nervosa superam os gastos com tratamentos de doenças cardíacas. Por exemplo, os E.ﷻ.A. gastaram 13,5 biliões de dólares com doenças nervosas, contra 12,7 biliões gastos com doenças cardíacas.
Neste aspecto, os muçulmanos e o mundo isslâmico situam-se numa posição mais calma, sem recurso à calmantes.
A fé de um crente cumpridor desempenha nisso um grande papel, pois ele coloca todos os grandes problemas nas mãos de Deus, convicto de que, o que o atinge jamais poderia ser evitado, e o que falha, jamais poderia ser atingido, pois tudo está destinado por Deus.
A fé proporciona sossego, tranquilidade, estabilidade e firmeza ao crente! Durante a vida toda, se os descrentes soubessem o estado em que vivem os crentes, decerto que lhes teriam inveja, e talvez daí decidissem combater para lhes arrancar essa fortuna.
Os países ocidentais, não obstante o nível de desenvolvimento atingido nas mais diversas áreas, não conseguiram preencher o vazio que o Ser Humano sente dentro de si e na sua vida familiar, embora tenham logrado tornar a vida mais fácil.
E é por isso que eles se vêm obrigados a recorrer a calmantes sob diversas formas, (drogas, álcool, cigarros, etc.) e ao suicídio, isso porque descuraram o aspecto espiritual do Homem, quando "nem só de pão vive o homem", um dito de Jesus (que a paz esteja com ele).
[Shk. Aminuddin Muhammad, aos 22 de Outubro de 2015]