Qual será a nossa situação após o Ramadan
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A L M A D I N A
QUAL SERÁ A NOSSA SITUAÇÃO APÓS O RAMADHAAN?
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
20.08.2012
O temor a Deus é uma obrigação para todo o crente, devendo a crença manifestar-se tanto no íntimo do indivíduo (internamente) como na forma aparente (externamente), em público ou em privado, em todos os lugares e tempos. Devemos temê-Lo da forma mais correcta, não deixando que a morte nos surpreenda sem que tenhamos atingido o nível de submissão exclusiva reservada apenas a Deus.
O verdadeiro muçulmano é aquele que teme a Deus ao longo de toda a sua vida, que Lhe obedece a todo o momento, que evita o pecado e se mantém nesse estado até a chegada da sua morte. Por conseguinte, o verdadeiro muçulmano é aquele que não desperdiça as ocasiões que se lhe oferecem, pois estas o estimulam ainda mais na prática da adoração, na obediência, no exercício do bem, e mesmo quando essas ocasiões cessam, os seus vestígios continuam activos, palpáveis e visíveis na sua vida.
Ó muçulmanos! Ó vós que dentro de apenas alguns dias vos despedistes de um mês nobre e sagrado, mês em que jejuastes de dia e passastes as suas noites na oração, na recitação do Al-Qur’án, fizestes muitos duãs (preces, súplicas) e zikr, praticastes a caridade com generosidade e vos aproximastes do vosso Senhor através de vários formas de adoração, na esperança de obterdes recompensa, e temendo a punição da parte do Senhor!
Neste mês, quanto esforço foi dispendido, quantos corpos se sentiram fatigados, quantos corações se deixaram tomar pela comoção, quantas mãos se ergueram em preces (duãs), quantos olhos ficaram marejados de lágrimas tornando-se assim os crentes merecedores da misericórdia, do perdão de Deus e da libertação do fogo do inferno!
De facto este mês sagrado passou num ápice, como se de um breve sono se tratasse. Lá se foi, levando consigo as suas bênçãos. Com a sua passagem, foi-se também uma parte da nossa vida que testemunhará a favor ou contra nós, em função dos actos que tenhamos praticado durante a passagem do mês de Ramadhaan.
Portanto, cada um de nós deve abrir uma nova página, exigindo contas a si próprio, analisando toda a sua actividade durante o período e o efeito que essas acções causarão na sua vida e no seu comportamento no futuro. Será que vamos continuar no mesmo ritmo, praticando boas acções ou não?
Será que nos nossos corações há lugar à tristeza pela ida do sagrado mês, assim como os nossos antepassados piedosos sentiam, com medo de que as acções por eles praticadas fossem rejeitadas, daí que se mantivessem muito fervorosos nos seus duãs após o Ramadhaan para que as suas acções fossem aceites, pois Deus só aceita as acções dos piedosos e sinceros?
Cada um de nós deve analisar a sua situação e aferir sobre os sinais de lucro e perda após o trabalho, sendo de primordial importância a continuação da prática de boas acções.
Aquele que sente alguma melhoria na sua situação espiritual comparativamente a antes do Ramadhaan, aquele em cujo coração reina ainda a vontade e a ânsia de praticar boas acções, de participar em orações em congregação na mesquita, de evitar o cometimento de pecados, sem dúvidas que transporta sinais de que as suas acções praticadas no mês de Ramadhaan foram aceites.
Quanto àqueles cuja situação se mantém como era antes do Ramadhaan, que apesar de terem praticado e participado em actos de adoração, chafurdam de novo na lama, deixam-se resvalar para o pecado, para a desobediência, e para tudo o que Deus proibiu, deixam-se arrastar pelas suas paixões não controlando os seus ouvidos, a sua visão, a sua língua, os seus órgãos, não protegem a sua riqueza contra as coisas proibidas, então esses na verdade são desgraçados. São desgraçados porque adoram o Ramadhaan e não a Deus. Que saibam que foi Deus Quem instituiu o Ramadhaan que dura apenas 30 dias, e Ele é Eterno, Omnipotente e Omnipresente.
As boas acções não devem ser praticadas apenas em ocasiões especiais e em tempos fixos e quando essas ocasiões chegam ao fim nós também voltamos à perdição em que vivíamos. Quão triste é tal retrocesso!
O prática do bem não está confinada apenas ao mês de Ramadhaan, pois o Deus dos meses todos é o mesmo e Ele vigia e vê constantemente todas as nossas acções. Não é apenas no mês de Ramadhaan que nos devemos voltar para Deus, esquecendo-nos d’Ele logo a seguir. Não é só no mês de Ramadhaan que devemos cumprir com actos de adoração e a seguir abandonamo-los. Os pecados não devem ser evitados apenas no mês de Ramadhaan, voltando a cometê-los assim que este chega ao fim. Não é só no mês de Ramadhaan que devemos ficar abraçados ao Al-Qur’án, abandonando-o durante onze meses.
O jejum do Ramadhaan deve deixar efeitos e marcas vivas na nossa vida.
Onde é que estão as lições aprendidas deste grande mandamento?
Onde é que está o temor, a paciência, o sacrifício, o amor, a simpatia e a colaboração que deve existir entre os muçulmanos, valores estes reassumidos neste sagrado mês? Os efeitos dessas virtudes devem prevalecer para sempre e não apenas por um período circunscrito ao mês de Ramadhaan.
A obediência e a adoração a Deus só terminam quando chega a nossa morte, sendo por isso que devemos aproveitar a nossa vida o máximo que pudermos, pois esta é muito curta e a respiração é limitada. A morte pode surpreender-nos a qualquer momento do dia ou da noite.
Se hoje estamos fracos, divididos e humilhados, tal se deve ao facto de não entendermos muitas das orientações contidas no Isslam e também devido à nossa fraca capacidade em aproveitar estas ocasiões nobres e solenes.
Não devemos destruir o que nos levou um mês a construir com muito esforço e sacrifício. Devemo-nos arrepender verdadeiramente e jurar nunca mais voltar ao pecado e à perdição.
Quem puder jejuar mais seis dias após o Ramadhaan, neste mês de Shawwal, terá a recompensa de ter jejuado o ano inteiro. Este jejum é facultativo.